Opiniões sobre quase tudo

19/06/2010 22:47

 

Quando aceitei escrever uma coluna no site Radar Público imaginei que o gás constante e a disciplina me ajudariam a ter um texto novo a cada semana. Nas três primeiras tudo correu bem e os prazos foram cumpridos a contento, mas aí... uma semana o texto não ficou pronto. Diversos acontecimentos e compromissos. Tudo bem, foi só um atraso!

Quando decidimos fazer exercícios diários é preciso estar sempre vigilante para que não deixemos para o dia seguinte a iniciativa ou a continuidade da atividade. Basta, entretanto uma semana sem o esforço e adeus produção de endorfina que nos faz tão bem, mas dá uma preguiça enorme manter a sua produção.

Assim sendo, os textos pararam de fluir e sem o cultivo correto eles escassearam. Falta de assunto não foi, pois em Cabo Frio, nossa terra amada, os acontecimentos estão vertiginosos. Quando penso escrever sobre um fato, vários blogueiros, escritores, cronistas e afins vão lá e dizem exatamente o que eu penso e gostaria de escrever, se fosse mais disciplinado e fiel ao computador.

Essa falta de fidelidade ao PC também não é desculpa. Todos os dias eu entro na internet e vejo meus e-mail e leio os sites e blogs para me atualizar. Talvez seja esse o problema: estou lendo mais do que escrevendo. Hoje, entretanto, me rebelei, saí dessa passividade e enfim escrevo!!!!

O que devo dizer? Afinal tantos assuntos aconteceram, que não sei por onde vou começar! Ah! Vou escrevendo o que me der na telha, sem respeitar cronologias ou graus de importância.

Sendo assim, vamos lá:


 

Emancipação de Tamoios – Eu, particularmente sou contra a emancipação. Creio que o que já passou da hora é instituir uma ação estruturante em Tamoios que discuta e resolva os problemas básicos da região. É preciso resolver a questão fundiária e a consequente arrecadação de impostos (territoriais e comerciais), Disponibilizar linha de Ônibus circular que passe de meia em meia hora com o preço normal de Cabo Frio, calçar as ruas e dotá-las com saneamento básico, água tratada. Se temos serviços terceirizados e alguns monopolizados temos que cobrar a execução dos mesmos.

O que os moradores querem é ter o sentimento de pertença. Sentir que são cidadãos de um município que os respeita, que os quer cidadãos. Se eu fosse prefeito de Cabo Frio não pensaria duas vezes e começaria imediatamente a Estrada da Integração. É preciso possibilitar essa interação e encurtar as distâncias. Fiquei surpreso quando vejo que os mapas de Cabo Frio, vendidos nas bancas de Jornal não incluem o Segundo Distrito. Talvez até mesmo o mapa que ensinam nas escolas aqui no centro não façam essa inclusão. Portanto, o desejo dos moradores é legítimo, mas acredito que a união ainda pode acontecer, sobretudo com respeito do governo pelos cidadãos que moram em Tamoios que é o dobro do tamanho do primeiro distrito.


 

A Bandeira no Morro da Guia – Tremenda cortina de fumaça, articulada e agitada por uma ação patriotesca e canastrona para desviar a atenção dos problemas reais sobre o patrimônio e desacreditar o trabalho sério que faz o IPHAN. Só para lembrar, enquanto o abaixo assinado corria pela cidade a casa do Wolney caía aos pedaços. A cerimônia de recolocação da bandeira, mesmo com o parecer contrário do Ministério Público estadual revela um patriotismo pela metade, pois respeita-se o símbolo máximo na nação, mas não se respeita hierarquicamente outros órgãos responsáveis por tais assuntos. A propósito a bandeira ficou uma semana “esfarrapada”. Agora parece que resolveram.


 

Casa do Wolney - mudei de opinião numa visita técnica que foi feita em meados de 2009. Quando entrei nos escombros percebi que a luta por sua manutenção não era só um caso da oposição, como boa parte do governo, que eu integrava, acredita. Defendia que o importante era o acervo e junto com o Gustavo Beranger, então secretário de Turismo e Cultura, criamos no Charitas a Sala Wolney, para exposição de fotografias. Criar um museu em frente a uma loja de roupas íntimas não me parecia boa idéia. Depois de ser afastado do cargo pude refletir com mais distância e após visitar algumas casas de ilustres moradores transformadas em museu (Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro) percebi que estava equivocado e hoje engrosso o coro dos que desejam o museu Wolney e o impacto cultural que a Rua Érico Coelho pode sofrer.


 

Carnaval de Cabo Frio – Continuo achando que a Prefeitura tem que deixar que as escolas de samba caminhem com suas próprias pernas. É justo uma subvenção, mas como o número é tão excessivo essa política torna inviável a distribuição de recursos para outras áreas da cultura, que estão necessitadas de apoio. Aliás, distribuição de recursos somente através de Editais e Premiações, evitando os favorecimentos a pequenos grupos feitas com o dinheiro de todos.


 

O imbróglio Marquinho Mendes x Alair Corrêa – Situação desagradável que gerou e continua gerando lances patéticos e de um provincianismo a toda prova. Acredito que o modelo de gestão é muito parecido e o que varia é a forma de atuação do executivo, centralizador com Alair e blasé com Marquinho. Aliás, pela aprovação popular que obteve na última eleição o atual prefeito tem revelado não ter um bom senso em suas escolhas. Invariavelmente tem escolhido mal a quem delegar os poderes de seu governo. Com isso a cidade está parada, assistindo um monte de situações sofríveis no campo político, social, cultural e natural. A sensação é de desgoverno, pois o anúncio de que AGORA as coisas vão acontecer me soam marqueteiras, porém sem conteúdo e verdade. Aliás, esse governo, e isso pude ver de dentro, não tem pulso firme para resolver os assuntos. As boas idéias e projetos são abortados e os conselheiros políticos do prefeito ou são completamente equivocados ou mal intencionados. Preocupados com o social é que eles não estão.


 

Por enquanto foi o que eu lembrei. Ah, tem a Praia do Forte! Mas, essa questão já tem gente cuidando. Acho que estão brincando de amarelinha, não sei se chegarão ao céu! Nós, assistimos desolados aquele monte de pedras indo para o nem tão fundo do mar. Prometo voltar em breve com novas opiniões sobre o que me vier “na telha”.


 

Guilherme Guaral, professor e ator.

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