Mães na UTI

Assistindo hoje, num jornal matinal, uma reportagem sobre mães que, para acompanharem seus filhos internados em UTIs, abrem mão de tudo- inclusive de seus outros filhos sãos- em nome de um amor incondicional, que transcende qualquer explicação científica, lembro-me imediatamente, de um texto escrito por Elisa Lucinda, poeta e atriz brasileira, que revive da sua infância, histórias em que inventava doenças só para ter os carinhos e mimos de sua mãe, quase sempre tão seca. Lucinda “liga” de forma poética, o amor de mãe às dores do filho. E é verdade! Muitas vezes eu mesma me peguei exagerando, propositalmente, sintomas de pequenos males, como um simples resfriado ou dor de cabeça, “só” para ganhar mais atenção e carinho de minha mãe.

Voltando as mães da UTI, penso que, esperando seus filhos acordarem de seus comas profundos ou de, simplesmente, continuarem a ouvir seus corações baterem, essas mulheres fazem do amor, o maior dos remédios do mundo. Essas mães quase sem esperança, não perdem um minuto de suas vidas sem darem esperanças à seus filhos, e mostram que amor maternal tem apenas uma condição: doar-se por inteiro. Ficam ali, horas, dias, meses... Dormindo em bancos de hospitais, macas pelos corredores, cadeiras pelos quartos, encostadas nas paredes. Pouco se importam com vaidade, contas à pagar, a vida que passa lá fora... Elas só querem estar ao lado de seus filhos. Uma das mães, diz na entrevista , que não sabe, se o filho que afogou-se num balde aos dois anos, voltará de seu coma um dia, mas que ela, de qualquer maneira, estará ali para espera-lo. “Ele pode não estar comigo, mas eu estou com ele”, diz emocionada.

Numa era em que os noticiários só falam de casos horrorosos envolvendo muita violência em torno da relação dos pais e filhos, rendo-me à essas mães maravilhosas, que me emocionam e me causam uma certa sensação de que tenho que melhorar ainda um pouco mais, na prática diária do amor de mãe.

Então, estejamos atentas! Aos filhos, amor!!! Demonstrações ilimitadas de amor! Na saúde e na doença.

Luciana Branco – mãe e educadora.