Brasil no Clima

15/09/2009 21:25

 

Cada relatório científico que recebemos sobre o aquecimento do planeta é mais preocupante do que o anterior. Sistematicamente confirmam-se o cenários piores dentre os elaborados pelos cientistas do IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) da ONU.


Atualmente a maior preocupação está no derretimento muito mais rápido do que o previsto do polo Ártico e das geleiras do Himalaia e Andes. Essas geleiras são responsáveis pelo abastecimento de água de mais de bilhões de pessoas! O derretimento do Ártico não só influencia o nível dos oceanos como acarreta a liberação na atmosfera de enormes quantinades de gás metano armazenadas no gelo.


O metano é mais de 20 vezes mais poluente que o C02 e os cientistas temem que isso possa tornar o aquecimento global exponencial e auto-alimentável num circulo vicioso, comprometendo inclusive os esforços de redução de emissões tão penosamente implementados! Pior: há depósitos de metano no fundo do mar que também podem ser liberados com o aquecimento dos oceanos.


Apesar disso ainda existe uma janela de oportunidade de uns dez a vinte anos para tentar conter o aquecimento do planeta no limite de 2 graus acima dos quais deverá ter efeitos catastróficos para nossos filhos e netos. Essa oportunidade depende de se conseguir uma redução de no mínimo 40% das emissões, até 2020, e de 80% até 2050. Isso depende de medidas a serem tomadas tanto por países desenvolvidos(EUA, Japão e Europa) quanto pelos grandes países em desenvolvimento: China, India e Brasil. Até agora as medidas aceitas ficam muito aquém do mínimo necessário.


O Brasil joga um papel fundamental pois, dentro de toda dificuldade, tem mais facilidade relativa em conter suas emissões que ainda provêm, majoritariamente, das queimadas na Amazônia. No entanto, já se faz sentir a influência das absurdas termoelétricas a carvão e da ampliação do transporte rodoviário, em geral. O novo inventário brasileiro de Gases de Efeito Estufa(GEEs) vai moster um forte incremento das fontes de emissão não-florestais.


Por outro lado, a posição diplomática do Brasil é de grande influência. Temos a oportunidade de assumir a liderança do processo e influenciar tanto os países desenvolvidos quanto dos emergentes. O Brasil, em tese reúne as condições ecológicas e diplomáticas para ser uma voz decisiva.


Para tanto, no entanto, o Brasil precisa ter uma proposta audaciosa e assumir compromissos claros em relação a suas próprias emissões. O movimento Brasil no Clima e os verdes propõem:



DO BRASIL PARA O BRASIL


Metas de redução claras, obrigatórias e internacionalmente verificáveis tanto na área florestal quanto nas de energia, indústrias, transportes e agricultura/pecuária:


I - Desmatamento zero: uma moratória do desmatamento na floresta amazônica uma vez que o próprio ministério da Agricultura admite que já há espaço de sobra para pecuária e para a agricultura em terras já desmatadas previamente e que a fronteira agricola pode se estabilizar. Isso depende de fiscalização, repressão aos desmatadores mas também de subsídios aos pequenos produtores para manter a floresta em pé e pode ser financiado, em boa parte, por créditos de carbono.


II - Carvão zero: uma moratória na construção de novas termoelétricas a carvão. A adoção de regras da neutralização do carbono das siderurgicas e de outras industrias. Elas deverão não só neutralizar suas emissões de carbono, financiando projetos de compensação, por absorção ou redução de carbono noutras atividades, como ter uma meta adicional idêntica aquela meta de redução que seja nacionalmente prevista para o setor industrial e de transportes.


DO BRASIL PARA O PLANETA


Responsabilidade geral planetária baseada no dois seguintes critérios:


II - Poluidor pagador: os países industrializados (Europa, Japão, EUA) devem contribuir com o esforço internacional de financiamento da reconversão mundial para o baixo carbono na proporção de suas responsabilidades históricas no acúmulo de GEEs na atmosfera, ou seja, 70%.


2 - Metas para todos: todos os países --inclusive os grandes emergentes, China, India e Brasil-- devem ter metas claras, obrigatórias e internacionalmente verificáveis, de redução de GEEs na proporção de suas emissões.


Estamos tremendamente longe de tudo isso, apesar de ser, apenas, o mínimo necessário! A Conferência de Copenhagen parece caminhar em direção a um regateio sem sentido de urgência do tipo "rodada comercial" da OMC.


O governo brasileiro parece confuso e dividido com sinalizações contraditórias, inclusive do próprio presidente Lula que ora despreza ora reconhece a importância do tema.

Fonte: www.pv.org.br

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